13.01 | 31.03.2024

marcel duchamp: o técnico benevolente | the benevolent technician

Criados em 1935 por Marcel Duchamp (1887-1968), os Rotoreliefs foram primeiramente apresentados nesse ano numa feira de invenções em Paris – o Concours Lépine – sob o nome Técnico Benevolente. Num momento em que o artista já se afastara definitivamente de formulações puramente visuais e se havia vinculado à ideia de arte não-retiniana, estes discos ópticos encontram-se num espaço ambíguo entre ambas. O facto de Duchamp ter optado pela sua apresentação na referida feira demonstra bem a sua coerência na ambiguidade.

Constituído por 6 discos de cartão impressos litograficamente, com um rotorelief na frente e verso de cada disco totalizando 12 e albergados numa caixa circular, este múltiplo é o resultado de vários anos de investigação durante os quais Duchamp trabalhou a ilusão óptica e a tridimensionalidade, verificável nesta peça quando activados num gira-discos, rodando a 33rpm e observados numa perspectiva cavaleira. As sucessivas reimpressões desta obra, nomeadamente 500 conjuntos em 1935 em que 300 se perderam durante a Segunda Guerra Mundial; 1000 conjuntos publicados em 1953 por Enrico Donati em Nova Iorque (edição do exemplar em exposição) em que 600 foram destruídos acidentalmente; 100 conjuntos publicados em 1959 por Daniel Spoerri em Paris (Editions MAT); uma edição de 16 exemplares com um sistema de montagem vertical motorizado idealizado pelo próprio artista em 1963; e, por fim, uma edição de 150 montados em gira-discos publicada pela Galleria Schwarz de Milão em 1965, atestam a relevância desta obra no contexto geral do trabalho do artista.

Duchamp iniciara esta pesquisa uma década antes, em 1925, quando cria várias obras onde aborda esta problemática, como por exemplo Anémic Cinéma, um filme mudo de 7 minutos realizado em conjunto com Man Ray e Marc Allegret que pode ser visualizado na presente mostra.

Também em exposição encontra-se uma edição limitada do compêndio de grande escala fac-similado das notas de Marcel Duchamp editado por Paul Matisse e prefaciado por Pontus Hulten.

Created in 1935 by Marcel Duchamp (1887-1968), the Rotoreliefs were first presented that same year at an inventor’s fair in Paris – the Concours Lépine – under the name Benevolent Technician. At a moment the artist had already moved away from a purely visual formulation and had adhered to a non-retinal idea of art, these optical records find themselves in an ambiguous space between both. The fact Duchamp chose to present them at the abovementioned fair well demonstrates his own coherence in ambiguity.

Composed of 6 lithographic printed cardboard discs, each with a rotorelief on both recto and verso, bringing them to a total of 12 and stored in a circular box, this multiple is the result of several years of research during which Duchamp worked on optical illusion and three-dimensionality, which is patent once they are activated on a turntable and seen from above while playing at 33rpm. Its successive reprints, namely 500 sets in 1935, of which 300 were lost during WWII; 1,000 sets published in 1953 by Enrico Donati in New York (edition of the set on display), of which 600 were accidentally destroyed; 100 sets published in 1959 by Daniel Spoerri in Paris (Editions MAT); a 16-specimen-sized edition with a motorized vertical mounting system created by the artist himself in 1963; and, lastly, an edition of 150 mounted on turn-tables published by Galleria Schwarz of Milan in 1965, all prove this artwork’s relevance in the general context of the artist’s oeuvre.

Duchamp started this research one decade prior, in 1925, when he created several works in which he addressed this topic, such as Anémic Cinéma, a 7-minute silent film created alongside Man Ray and Marc Allegret, which can be seen at this exhibit.

Also on display is a copy of Marcel Duchamp’s Notes, a large-scale limited edition facsimile compendium arranged by Paul Matisse and with a preface by Pontus Hulten.